Relatório de Sustentabilidade
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Reduzir a pegada de carbono

12 minutos de leitura
Resiliência climática, emissões de GEE e outros gases

 

É esperado que o setor de energia contribua com a minimização dos efeitos das mudanças climáticas, elevando a participação das fontes renováveis e melhorando a eficiência dos fósseis, através de investimentos e medidas que reduzam e compensem suas emissões. Por sua vez, a indústria de óleo e gás deve buscar descarbonizar suas operações, tendo em vista a relevância e materialidade de suas  emissões, estimadas em 5GtCO2 e (equivalentes a 10% das emissões mundiais), atender à crescente demanda por produtos de baixo carbono, fornecendo energia acessível e confiável, essencial para o crescimento econômico. Além de realizar uma transição justa e contribuir para o alcance dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU), reduzindo, ou evitando o agravamento, das desigualdades locais, regionais e entre países.

PILARES PARA A GESTÃO DE CARBONO E MUDANÇA DO CLIMA

Nosso posicionamento, ações e resultados relacionados à gestão de carbono e mudança do clima estão sustentados em três pilares fundamentais:

RISCOS RELACIONADOS ÀS MUDANÇAS CLIMÁTICAS E TRANSIÇÃO ENERGÉTICA

As mudanças climáticas e a transição para uma economia de baixo carbono representam novos desafios e oportunidades para os nossos negócios. Com o agravamento da mudança climática e os avanços em acordos e regulamentações, se não nos prepararmos para novos desafios globais, podemos estar sujeitos a impactos financeiros, de reputação e legais. Nós temos um histórico de análise e gestão de riscos relativos à mudança climática. Nosso processo de gestão de riscos é integrado, o que permite a padronização da análise e efetivo gerenciamento corporativo de todos os riscos identificados:

 

AMBIÇÕES E COMPROMISSOS PARA REDUZIR A PEGADA DE CARBONO E INVESTIMENTOS EM BAIXO CARBONO

Nossa ambição de longo prazo é neutralizar as emissões nas atividades sob nosso controle (Escopos 1 e 2) até 2050 e influenciar parceiros a atingir a mesma ambição em ativos não operados.3

 

Aderimos à iniciativa “Aim for zero methane emissions” promovida pela Oil and Gas Climate Initiative (OGCI) e pretendemos atingir “near zero methane emissions” em 2030.


Nossos seis compromissos para reduzir a pegada de carbono com foco em mitigação da mudança climática cobrem 100% das emissões sob nosso controle operacional (escopos 1 e 2), trazendo metas para o horizonte 2025 e 2030, conforme detalhados no quadro.

 

 

3. Nossa ambição refere-se às emissões em território brasileiro, onde ocorrem mais de 98% de nossas emissões operacionais. Para as demais emissões, ambicionamos a neutralidade em prazo compatível com o Acordo de Paris, em alinhamento a compromissos locais e organizações internacionais. 

INICIATIVAS DE DESCARBONIZAÇÃO

O desafio de atingir a neutralidade das emissões operacionais envolve a necessidade de viabilizar técnica e financeiramente as tecnologias que suportarão este compromisso. Para superar tal desafio, o Programa Carbono Neutro foi estruturado com o objetivo de fortalecer a nossa atuação em baixo carbono, assim como, acelerar e reduzir custos das soluções para descarbonização, trazendo maior competitividade para a companhia. Ele é o instrumento transversal que busca a visão corporativa integrada de todas as nossas iniciativas, desenvolvidas por diferentes áreas de negócios.


Esse programa conta com as seguintes frentes de atuação:

 

 

O Programa Carbono Neutro conta com um Fundo de Descarbonização voltado para acelerar a descarbonização das operações (escopos 1 e 2), visando o atendimento aos compromissos climáticos e ambição net zero. O fundo possui orçamento específico, atualmente de US$ 1,0 bilhão para o quinquênio (2024-2028).


No primeiro trimestre de 2024, a carteira de projetos aprovados para uso do fundo contempla 30 oportunidades de descarbonização, tendo um valor comprometido de aproximadamente U$S 400 milhões, tendo um potencial de mitigação de 1,4 milhão de tCOe/ano quando estiverem implementadas.

DESEMPENHO EM EMISSÕES

Entre 2015 e 2023, nossas emissões absolutas operacionais de GEE caíram 41%. Comparado a 2022, o resultado de 2023 também foi de redução de emissões, contabilizando 46 milhões de toneladas de GEE no ano, portanto um total aproximadamente 4% menor que os 48 milhões tCOe registradas no ano anterior. Importante notar que o baixo despacho termelétrico tem afetado positivamente nosso resultado de emissões absolutas. Ações com reflexos em ganhos de eficiência e redução de perdas implantadas nos segmentos operacionais, bem como alguns desinvestimentos ao longo de 2022, também foram vetores para menor emissão de GEE em 2023.

 

Assim como em 2022, optamos por neutralizar nossas emissões de Escopo 2 no Brasil através da compra de Certificados de Energia Renovável (I-REC, da sigla em inglês). Esses certificados garantem que 100% da energia elétrica comprada para utilização em nossas operações industriais e administrativas no Brasil é gerada por fontes renováveis. Neutralizamos 128 mil tCO2, equivalente a 3,37 milhões MWh de energia elétrica renovável adquirida. A iniciativa reforça nossos compromissos de sustentabilidade em carbono, estimulando e contribuindo para a matriz elétrica majoritariamente renovável do Brasil. No exterior, nossas emissões de Escopo 2 totalizaram 150 tCO2, representando apenas 0,0003% de nossas emissões absolutas operacionais em 2023.

 

Nossa meta de redução em 30% das emissões absolutas operacionais até 2030, em relação a 2015, está alinhada à trajetória de redução progressiva de nossas emissões operacionais, já considerando o aumento de produção esperado para o período, sendo apoiada por um conjunto de ações sistêmicas a serem implementadas nos próximos anos.

 

Acompanhamos também as emissões operacionais de nossas atividades de óleo e gás de forma isolada, cujo cálculo das emissões operacionais não inclui as emissões oriundas de nossa atuação no mercado de termeletricidade. Dessa maneira, podemos verificar os resultados de nossos esforços em redução de emissões absolutas sem a influência do despacho termelétrico solicitado pelo ONS (Operador Nacional do Sistema).

 

As emissões operacionais totais (Escopos 1 e 2) de nossas atividades de óleo e gás apresentam tendência de queda contínua ao longo dos últimos anos, atingindo uma redução de 24% entre 2015 e 2023. Os segmentos de E&P e Refino respondem pela parcela mais significativa de nosso total de emissões absolutas operacionais. Nossa métrica de topo IAGEE é composta pelas intensidades de emissões de GEE destes dois segmentos e apresentam trajetória de redução nos últimos anos.

OUTRAS EMISSÕES ATMOSFÉRICAS SIGNIFICATIVAS

Em termos de hidrocarbonetos não aproveitados em nossas operações, historicamente observamos a redução dos volumes queimados em tocha ou diretamente dissipados para atmosfera. Em comparação a 2018, o volume de gás queimado em tocha em 2023 foi 38% menor. Conforme já relatado em itens anteriores, esta redução da queima em tocha está relacionada principalmente ao melhor aproveitamento de gás nas operações de E&P. Com relação a hidrocarbonetos dissipados diretamente para a atmosfera, observamos a continuidade da redução em 2023, principalmente associada a aperfeiçoamentos no inventário e à redução de perdas em nossas unidades.

ENERGIA CONSUMIDA

Em 2023, consumimos 634 mil TJ de energia e vendemos 100 mil TJ de eletricidade e 5 mil TJ de vapor, resultando em um balanço de 562 mil TJ de consumo total de energia dentro da organização. O consumo interno em 2023 equivale a 300 mil barris de óleo equivalente por dia (boed) de energia e teve um decréscimo de 8% em relação ao ano anterior. Tal redução reflete diretamente as melhorias de eficiência e otimização energética, que resultaram em redução de consumo de combustíveis em nossos processos, bem como a baixa atividade da geração termelétrica em 2023. Destacamos que fornecemos para a sociedade, em termos de combustíveis vendidos, um total de 5,9 milhões de TJ de energia.

 

O aprimoramento da eficiência energética em nossos processos é essencial para nossa trajetória de redução de emissões de GEE. Uma vez que contamos com uma grande diversidade de atividades operacionais e produtos, fazemos a gestão do desempenho energético a partir da análise de resultados de consumo de energia e de produção, separadamente, além dos indicadores de intensidade de emissões.

PRODUTOS E NEGÓCIOS COM MENOR INTENSIDADE DE CARBONO

Para atender à crescente demanda da sociedade por produtos de baixo carbono, e de forma a avançar na discussão do escopo 3, visamos ampliar a oferta de combustíveis renováveis, com um potencial de aumentar em até quatro vezes a capacidade de produção de biocombustíveis até 2030. No segmento de geração elétrica renovável, enxergamos um potencial para igualar, até 2030, a capacidade de geração por meio de fontes renováveis com a capacidade de geração em termelétricas, buscando a integração das diversas fontes de energia e a eficiência e segurança energética. Considerando este potencial, podemos reduzir em até 3% a intensidade de emissões de nosso portfólio até 2030.

INOVAÇÃO EM BAIXO CARBONO

A inovação tecnológica tem sido a base para nosso pioneirismo ao longo dos nossos 70 anos e impulsionará a construção do futuro para viabilizar trajetórias de descarbonização, que levam em consideração o aspecto social do custo da energia. Acreditamos que a competitividade das tecnologias de geração elétrica renovável, combustíveis líquidos com menor pegada de carbono, processos menos intensivos em energia, hidrogênio, CCUS, separação submarina de CO2, serão essenciais para a criação de novos paradigmas energéticos baseados em baixo carbono, com geração de valor para a sociedade.


Estamos comprometidos com o investimento em pesquisa, desenvolvimento e inovação (PD&I) em baixo carbono. O desenvolvimento de soluções de baixo carbono conta com alocação de 15% do orçamento total de PD&I em 2024, chegando a 30% em 2028.


Nosso portfólio de pesquisa explora oportunidades na cadeia de petróleo e gás, e em renováveis. Temos desenvolvido e avaliado tecnologias que contribuem para atingir as metas de  descarbonização estabelecidas, reduzindo as emissões nos processos internos e agregando maior  sustentabilidade aos nossos produtos, mas também objetivando a diversificação no longo prazo.


Nossas principais iniciativas em P&D em baixo carbono são:


• Eficiência energética
• CCUS (captura, utilização e armazenamento
geológico de carbono)
• Separação submarina de CO2
• Mitigação das emissões de metano
• Produtos de baixo carbono
• Hidrogênio limpo
• Geração Eólica e Solar

SOLUÇÕES BASEADAS NA NATUREZA E CRÉDITOS DE CARBONO

Acreditamos que as compensações de emissões (offsets) a partir de créditos de carbono possam ser utilizadas como ferramenta complementar em nossa trajetória de descarbonização. Esses créditos podem ser de base natural, aproveitando o potencial de florestas, solos, oceanos e algas marinhas, ou obtidos através de soluções tecnológicas. Embora tenhamos expectativa de uso de offset, essas iniciativas devem ser pensadas como contribuições adicionais aos esforços de mitigação intrínseca e não substituem a necessidade de suprimento de energia com menor intensidade de carbono para a sociedade.


Nossos ativos operacionais encontram-se majoritariamente instalados no Brasil e somos responsáveis pelo fornecimento de grande parte da energia consumida no país. Priorizamos a aquisição de créditos de base natural que incluem créditos de reflorestamento (ARR) e de redução de emissões do desmatamento e da degradação florestal (REDD+) como contribuição à mitigação de emissões de GEE nacional, das quais 38% decorrem de mudança do uso da terra e florestas (MCTI, 2023). Assim, incluímos offsets em nossa estratégia como possibilidade de atingirmos resultados ainda mais ambiciosos do que os possíveis com a descarbonização intrínseca das nossas operações, ao mesmo tempo em que contribuímos para a preservação dos ecossistemas brasileiros.


Buscamos créditos de alta qualidade e integridade a fim de garantir que de fato estejam trazendo
benefícios climáticos, socioeconômicos e ambientais, aproveitando o potencial brasileiro em geração de créditos de base natural com alta competitividade. Estamos comprometidos em divulgar a origem e utilização de nossos créditos de carbono de forma transparente e rastreável.

INVESTIMENTO SOCIOAMBIENTAL EM FLORESTAS

Nossa Política de Responsabilidade Social apresenta como diretriz promover a conservação, recuperação e uso sustentável de florestas, fortalecendo a importância do desenvolvimento e implementação de soluções baseadas na natureza que contribuam para mitigar as mudanças do clima, deter a perda da biodiversidade e para o bem-viver de povos indígenas e comunidades tradicionais. Neste sentido, por meio do Programa Petrobras Socioambiental, apoiamos voluntariamente em 2023, 24 projetos com foco na recuperação e conservação florestal de áreas, nos quais foram investidos R$ 31 milhões no referido ano.

 

Os projetos vigentes em 2023 atuaram na recuperação ou conservação direta de mais de 358 mil hectares de florestas e áreas naturais da Mata Atlântica, Amazônia, Caatinga e Cerrado contribuindo para a mitigação das emissões de GEE. O benefício incremental líquido estimado do trabalho realizado até o momento por estes projetos é de cerca de 2 milhões de tCO2e, e considera a remoção líquida e as emissões evitadas por ações que previnem o desmatamento.

 

Os projetos também atuaram para o fortalecimento da gestão de cerca de 28 milhões de hectares de áreas protegidas8, incluindo ações como monitoramento de incêndios, da biodiversidade e manejo sustentável com geração de renda por meio dos produtos da sociobiodiversidade em terras indígenas e territórios quilombolas. Estas iniciativas também atuam no monitoramento de espécies terrestres em perigo de extinção. É o caso do projeto Corredor Caipira, realizado pela Fundação de Estudos Agrários Luiz de Queiroz (FEALQ), que atua na formação de corredores ecológicos na região de ocorrência do maior primata das américas - o muriqui (Brachyteles arachnoides), e do Projeto No Clima da Caatinga, que atua para a conservação de áreas onde habita o tatu-bola (Tolypeutes tricinctus), espécie exclusiva do Brasil.

 

A Seleção Pública 2023 do Programa Petrobras Socioambiental teve sua primeira etapa finalizada e vai incorporar na carteira sete novos projetos da linha de atuação Florestas, nos quais serão investidos cerca de R$ 30 milhões nos próximos três anos, incluindo uma iniciativa emblemática para o Cerrado, que promoverá a recuperação de áreas para estabelecimento de corredores ecológicos e realizará ações para conservação de espécie da fauna ameaçada de extinção. A segunda etapa prevê a seleção de mais quatro projetos com foco em florestas, no valor total de R$ 20 milhões, dentre os quais, um que atuará no Pantanal.

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