Relatório de Sustentabilidade
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Ambiental

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Resiliência climática, emissões de GEE e outros gases

 

Os impactos relativos ao tema material resiliência climática, emissões de GEE e outros gases correspondem às emissões diretas e indiretas de gases do efeito estufa (Escopo 1, 2 e 3), os riscos e oportunidades da empresa frente às mudanças climáticas e à transição energética. Inclui gestão de emissões atmosféricas e seus impactos nos ecossistemas, na saúde das pessoas e no bem-estar de comunidades locais, bem como os impactos positivos da implementação de tecnologias no processo para redução da intensidade de emissões, no desenvolvimento de produtos de menor impacto ambiental e programas e projetos de mitigação.


De acordo com o Sexto Relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC - Intergovernmental Panel on Climate Change) as mudanças climáticas afetarão todos os sistemas, naturais e humanos, e seus impactos econômicos deverão crescer com o aquecimento global. Porém, implicações específicas apresentam elevados níveis de incerteza, dependendo de fatores como avanço das tecnologias carbono neutro, estruturas de mercado, mudanças comportamentais e planejamento para uma transição justa. 


Os impactos na oferta global de energia causados pelo conflito na Ucrânia trouxeram para o centro da discussão questões de segurança e acesso à energia. Em todo o mundo repercutem os efeitos da crise em suas múltiplas dimensões: na urgência de transformar os sistemas energéticos para serem mais seguros, confiáveis e resilientes, dada pelo mix entre gás natural, petróleo, carvão e eletricidade; e na segurança alimentar e climática. 


A última Conferência das Partes (COP - Conference of the Parties), realizada no Egito, em Sharm El-Sheik, ratificou os objetivos do Acordo de Paris, e enfatizou a necessidade de redução das emissões globais de GEE em todos os setores, alinhada às especificidades de cada país e reconhecendo a necessidade de apoio à transição justa. Ganhou força também a discussão sobre a redução no uso de combustíveis fósseis, inclusive óleo e gás, ainda que nenhum acordo tenha sido fechado.

 

A indústria de óleo e gás tem um importante papel em minimizar suas emissões operacionais e entregar produtos menos intensivos em carbono, uma vez que cenários de transição energética ainda apontam papel relevante para derivados de petróleo nas próximas décadas.

 

Neste contexto, temos o papel de gerar energia confiável e eficiente, para um mundo ambientalmente sustentável.

 

Nosso enfoque e gestão

Nossa abordagem relacionada à mudança de clima é baseada em três pilares:

 

Desempenho em emissões

Nosso inventário de emissões atmosféricas é elaborado segundo as orientações do Greenhouse Gas (GHG) Protocol, desenvolvido pelo World Resources Institute (WRI) e pelo World Business Council for Sustainable Development (WBCSD). Para a composição de nosso inventário, adotamos a metodologia fonte a fonte, conhecida como “bottom-up”. Ou seja, o inventário total é composto pelo resultado da soma das emissões de cada fonte emissora. Em termos de limites organizacionais, utilizamos para nosso inventário de emissões a abordagem de controle operacional, sendo assim, estão incluídas as emissões referentes a todos os ativos sob nosso controle operacional. Os cálculos das emissões se baseiam em referências internacionais, como o American Petroleum Institute (API) Compendium, o Compilation of Air Pollutant Emission Factors (AP-42) da Agência de Proteção Ambiental dos EUA (US EPA) e a ferramenta de cálculo do Programa Brasileiro GHG Protocol.


Nosso inventário é publicado voluntariamente desde 2002 e verificado anualmente por terceira parte, representando nosso pioneirismo na gestão de GEE. Somos também membros fundadores do Programa Brasileiro GHG Protocol e publicamos nosso inventário em seu Registro Público de Emissões, tendo recebido em 2022  a classificação Selo Ouro pelo quinto ano consecutivo, um padrão de excelência em qualidade e disponibilidade dos dados.

 

HISTÓRICO DE EMISSÕES ABSOLUTAS DE GEE [1] (dados consolidados em milhões de tCO2e)

[1] a) Emissões ao longo do período são relativas às operações de E&P, refino, fertilizantes, petroquímica, geração de energia elétrica, transporte terrestre (dutoviário e rodoviário) e marítimo, bem como às atividades de distribuição no Brasil, Argentina, Bolívia, Colômbia, Estados Unidos, México, Paraguai e Peru. A abrangência de tipos de atividade e países de atuação podem variar ao longo dos anos de acordo com a nossa gestão de portfólio.

b) Incluímos as emissões de GEE operacionais diretas (Escopo 1) e indiretas provenientes da aquisição de energia elétrica e/ou térmica produzida por terceiros (Escopo 2).

c) As emissões de CO₂ equivalente foram calculadas com base nos valores de Potencial de Aquecimento Global (Global Warming Potential - GWP) do quarto Relatório de Avaliação do IPCC – Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (AR4). Em relatórios anteriores a 2016, tais emissões foram calculadas considerando os valores de GWP do segundo Relatório de Avaliação do IPCC (SAR); logo, podem ser observadas alterações nos dados.

d) Demais possíveis alterações em informações numéricas históricas, referentes a publicações anteriores do Relatório de Sustentabilidade 2022, devem-se a melhorias no sistema de gestão de emissões atmosféricas ou a recomendações decorrentes do processo de verificação por terceira parte. 

e) Nossas emissões são verificadas anualmente por terceira parte, com previsão de conclusão da verificação dos dados de 2022 até julho de 2023, podendo sofrer ajustes até esta data.

f) Emissões biogênicas de CO₂ não são representativas em nosso inventário

g) Valor de 2021 de emissões diretas de GEE (Escopo 1) revisado após certificação por terceira parte concluída em julho de 2022, passando de 61,4 milhões tCO₂e para 61,3 milhões tCO₂e.

 

Outras emissões atmosféricas significativas

Além das emissões de GEE, em nosso inventário também monitoramos as emissões de outros poluentes: óxidos de enxofre (SOx), óxidos de nitrogênio (NOx), material particulado (MP), monóxido de carbono (CO), compostos orgânicos voláteis (COVs) e hidrocarbonetos totais (HCT). 

 

Os conceitos descritos para nosso inventário de GEE, incluindo a metodologia fonte a fonte e abordagem de controle operacional, bem como a utilização do software SIGEA®, também se aplicam para o inventário destes poluentes. Além disso, o processo de verificação anual por terceira parte inclui também essas emissões.
 

EMISSÕES DE POLUENTES REGULADOS (t)


 

Energia consumida

Em 2022, consumimos 705 mil terajoules (TJ) ou 328 mil barris de óleo equivalente por dia (boed) de energia, o que representa um decréscimo de 24% em relação ao ano anterior. Tal redução está diretamente relacionada à significativa diminuição da geração termelétrica em 2022, bem como também reflete melhorias de eficiência e otimização energética em nossos processos.

 

CONSUMO DE ENERGIA DENTRO DA ORGANIZAÇÃO [1] (dados consolidados em TJ)

2018

2019

2020

2021

2022

Combustíveis oriundos de fontes não renováveis

873.197

823.828

808.350

916.641

692.550

Eletricidade

15.362

13.740

12.811

12.185

13.615

Total

888.559

837.568

821.161

930.256

704.735

 

TOTAL DE ENERGIA VENDIDA[2] (dados consolidados em TJ)

2018

2019

2020

2021

2022

Eletricidade

126.743

124.756

102.488

113.183

99.401

Vapor

2.279

401

1.290

1.424

7.897

Total

129.022

125.157

103.778

114.607

107.298

 
 

[1] Valores de 2021 foram revisados após certificação por terceira parte concluída em julho de 2022.

a) A consolidação do consumo interno de energia acompanha a abordagem e normas adotadas para o nosso inventário de emissões, incluindo a envoltória de limites organizacionais e dos limites de operações diretas e indiretas incluídas.

b) Os valores em massa ou volume de consumo de combustível consumidos são convertidos para energia considerando os valores de poder calorífico por tipo de combustível. A energia elétrica e o vapor são contabilizados com base no equivalente térmico teórico (0,0036 TJ = 1 MWh).

c) De forma conservadora, consideramos que o consumo total de energia reportado é de origem fóssil, uma vez que um possível consumo de energia proveniente de fonte renovável tem baixa representatividade no total e, para reporte de forma discriminada, há necessidade de melhoria no lastreamento deste tipo de energia.

d) Os consumos de combustíveis reportados contemplam todos aqueles necessários para as nossas diversas operações, incluindo: geração de energia elétrica e vapor para uso interno, correntes de aquecimento e resfriamento interno, transportes, processos, entre outros.

e) Em relatórios anteriores, foram reportados valores de energia em forma de vapor consumida na Petrobras. Estes consumos eram referentes aos montantes de vapor adquiridos por nossas refinarias, mas que são importados diretamente de térmicas da própria Petrobras. Ou seja, não há consumo de energia em forma de vapor de fontes externas à Petrobras. Neste sentido, não há reporte de energia na forma de vapor consumida de terceiros a ser realizado. Assim, excluímos o item da tabela, retificando também os anos anteriores. 

f) O volume de gás natural e de combustíveis líquidos queimados em tocha, em 2022, totalizou 81 mil TJ e não é considerado no cálculo do consumo de energia.

[2] Não realizamos venda de energia dos tipos “aquecimento” e “resfriamento”. Os volumes de venda de energia são os do Ambiente de Comercialização Livre (ACL) e Ambiente de Comercialização Regulado (ACR) das termelétricas que efetivamente controlamos e são os mesmos já informados para o mercado por meio dos relatórios Form 20-F (arquivado na U.S. Securities and Exchange Commission - SEC) e Formulário de Referência (arquivado na Comissão de Valores Mobiliários - CVM) convertidos pelo fator 3.600 na transformação de MWh para Joule. Volumes de vapor de 2021 foram revistos para considerar vendas de vapor para refinarias de terceiros.

 

Produtos e negócios com menor intensidade de carbono

A transição energética traz novas oportunidades ao negócio por aumentar o interesse por produtos e serviços de baixo carbono. Buscamos oportunidades que contribuam para a sustentabilidade no longo prazo, diversificando nosso portfólio de produtos e negócios. 

 

Planejamos nos posicionar como uma empresa líder no fornecimento de produtos de baixo carbono, com foco no Programa BioRefino. O Programa BioRefino 2030 prevê projetos para a produção de uma nova geração de combustíveis, mais modernos e sustentáveis, produzidos a partir de matérias-primas renováveis ou residuais. Estes combustíveis podem ser produzidos por coprocessamento em nossas refinarias ou em unidades dedicadas.

Inovação para soluções em energia e descarbonização

Nossas principais iniciativas em P&D em baixo carbono são:

 

  • Eficiência energética
  • CCUS (captura, utilização e armazenamento geológico de carbono)
  • Separação submarina de CO₂
  • Mitigação das emissões de metano
  • Diesel renovável, BioQAV e Biobunker
  • Hidrogênio
  • Eólica offshore

Em 2022, investimos em P&D no Brasil R$ 43,7 milhões no segmento de biocombustíveis avançados e R$ 20,3 milhões em energia renovável. Os investimentos foram feitos em energia eólica e solar, em BioQav e diesel renovável. Totalizando R$ 64 milhões, o valor representa aproximadamente 1,6% de nosso investimento total. Nossas entregas tecnológicas refletem nossa estratégia para a transição para a economia de baixo carbono.


A Transpetro conta com uma carteira de projetos para eficiência energética de navios com um investimento previsto de R$ 64 milhões até 2027. Estes projetos preveem uma redução neste período de 11% nas emissões provenientes da queima de combustível fóssil utilizados nos navios. A redução prevista é da ordem de 100 mil toneladas de CO₂ neste período. 

Créditos de carbono de alta qualidade como estratégia complementar

Acreditamos que as compensações de emissões (offsets) possam ser utilizadas como ferramenta complementar em nossa trajetória de descarbonização. Essas compensações podem ser naturais, aproveitando o potencial de remoção envolvido na recuperação e preservação de florestas, solos, oceanos e algas marinhas, ou através de soluções tecnológicas como captura, uso e armazenamento de CO2 (CCUS) e captura de CO₂ direta do ar (DAC). Embora nossa estratégia preveja o uso de offset, essas iniciativas devem ser pensadas como contribuições adicionais aos esforços de mitigação intrínseca e não substituem a necessidade de suprimento de energia com menor intensidade de carbono para a sociedade.

 

A fim de garantir a adoção das melhores práticas na compensação de emissões e sua adequada inserção na estratégia de descarbonização da empresa, temos ativa participação no grupo de Natural Climate Solutions (NCS) da OGCI e na International Petroleum Industry Environmental Conservation Association (Ipieca), fóruns internacionais onde são discutidas melhores práticas para a indústria de óleo e gás e princípios responsáveis para emprego de créditos de carbono de alta qualidade, bem como na elaboração de guias para a gestão de ambientes com alto potencial de carbono, dentre outras iniciativas internacionais relativas ao tema.

Investimento socioambiental em florestas

Nossa Política de Responsabilidade Social apresenta como diretriz investir em programas e projetos socioambientais e, como princípio, a superação de desafios de sustentabilidade relacionados ao nosso negócio, incluindo a transição para uma matriz energética de baixo carbono. Neste sentido, por meio do Programa Petrobras Socioambiental, apoiamos voluntariamente em 2022, 22 projetos com foco na recuperação e conservação florestal de áreas. Serão investidos R$ 73 milhões ao longo da realização dessas iniciativas, considerando contratos que tiveram início em 2018 e outros que desenvolverão suas atividades até 2025.

 

Os projetos vigentes em 2022 atuaram na recuperação ou conservação direta de florestas e áreas naturais da Mata Atlântica, Amazônia, Caatinga e Cerrado contribuindo para a mitigação das emissões de GEE. O benefício incremental líquido estimado do trabalho realizado até o momento por estes projetos é de cerca de 2,3 milhões de tCO₂e, e considera a remoção líquida e as emissões evitadas por ações que previnem o desmatamento. 

Leia o capítulo na íntegra